Obàtálá

Ợbàtálá também conhecido como Ọbanlá (O Grande Rei), Òrìșàlá (A Grande divindade), Óòşààlá Òsèèrèmagbò e Òrìşà

Igbowuji, é uma divindade de suma importância dentro da cultura yorùbá.

Sua presença se estende por todas as terras yorùbá da Nigéria a Republica do Benin na África ocidental e também na

diáspora yorùbá que inclui países como Brasil, Cuba, Trinidad e Tobago, Estados Unidos.

O conceito de que a divindade (Òrìşà) Ợbàtálá é quem cria a essência da hierarquia está baseada em anos de idade e

responsabilidade.

Ele é um òrìşà completo, e simples em alguns atributos físicos ou iconográfico, ele vê muitos aspectos da experiência

humana e ajuda-nos a solucionar os problemas mundanos dos seres humanos.

Ợbàtálá é a divindade yorùbá da criação dos seres humanos desde o princípio e até hoje no ventre da mãe grávida cuja

mão é necessária para criar a obra de arte que está dentro desse corpo.

A parte mais importante do corpo que Ợbàtálá cria é o Ori, que representa, além da consciência e da mente do indivíduo,

contém o destino que é entregue por Àjàlá Mopin, aquele que molda os destinos no Ợrùn antes de alguém nascer.

Ògún é que provém os ossos durante o ato da criação de Ợbàtálá quando o feto se forma.

Mulheres que querem filhos pedem ajuda a Ợbàtálá, como primeira ou última opção. E seus sacerdotes muitas vezes

usam água límpida de seu pote de barro chamada de ‘Awe’, que é sempre encontrada ao lado de seus ícones sagrados

em seu Ojugbò.

Essa água que nesse momento tem que ser chamada de agbo, ou medicina, é bebida para curar infertilidade, prevenir

enfermidades, a morte repentina de filhos e inclusive para conseguir o desenvolvimento espiritual e econômico.

Em seu aspecto criador de seres humanos Ợbàtálá também é o òrìşà patrono de pessoas chamadas “Eni Òrìşà”, ou

pessoas de Ợbàtálá.

Estas incluem os Albinos, Corcundas, portadores de necessidades especiais e anões.

Todas as pessoas que nascem diferentes estão sob sua proteção.

É Ợbàtálá que na cultura yorùbá nos ensina a respeitar as pessoas que são diferentes ou que tem necessidades

especiais,

Durante a criação dos primeiros seres humanos, diz-se que foi Ợbàtálá quem os moldou com barro, depois de muitas

horas de trabalho. 

Ele bebeu o sumo da palma sagrada (Òpę) quando não havia água limpa perto dele e a sede era grande. 

Porém, passadas algumas horas com o sol forte, o sumo atuou em sua mente e alguns corpos fabricados nesse período

começaram a se deformar. 

Um de seus nomes de louvor “Alábáláse”, o dono do desejo e de sua manifestação, nos ensina que para poder criar Obàtálá utiliza todos os seus poderes.

É dito que em sua mão direita está o poder de manifestar ideias ou ‘aba’, enquanto que em sua mão esquerda está o

poder da habilidade de manifestar ideias e desejos.

Ợbàtálá está intimamente ligado a fertilidade e a concepção, algo que é especialidade das mulheres sacerdotisas nas

terras Yorùbá.

Não é tão difícil de ver que no ato sexual os casais o sêmen é o representante criativo de Ợbàtálá em sua brancura. 

O liquido do igbin também tem semelhança com o sêmen e é utilizado para apaziguar e refrescar divindades e até sere

s humanos.

Ợbàtálá de verdade é um líder de seu próprio panteão dentro da Tradição Religiosa Yorùba.

Ele é o representante maior do grupo de divindades chamadas Òrìşà funfun, divindades que usam tecido branco e outros

ícones brancos em seus ojugbò ou ìgbà. 

Tais divindades tem várias relações com Ợbàtálá, alguns são considerados seus filhos. 

Alguns desses òrìşà funfun incluem òrìşà Oke, divindade das elevações naturais e rochosas onde se encontram rochas

enormes como ´”A Rocha Olúmo”, em Abeokuta, ou “Oke Agidan” em Ọyọ ou o “Oke Ibadan”, da cidade de Ibadan. 

Um mito comum é de que o sacerdote de Ợbàtálá deve viver na pobreza. Isso é devido ao fato de que alguns de seus

oriki o mencionam como alguém que ainda prefere mostrar um ‘aspecto’ simples.

O fator simplicidade é importante por que mostra ordem, clareza e humildade.

Porém, ninguém na cultura yorùbá quer viver na pobreza e até no corpus literário de Ifá e Erindilogun mostram muitos

exemplos de caráter personificado buscando desenvolvimento econômico por séculos atrás ISSO É FATO.

Ợbàtálá nos ensina simplicidade e limpeza. É também uma divindade da prosperidade, onde mostra que somente uma

pessoa com abundância de recursos pode se manter vestida com o mais imaculado branco.

Seu tecido branco, algo essencial em seus santuários, mostra pureza do corpo, do espírito e do caráter.

Também representa a pureza do caráter que como o tecido branco, é difícil de manter limpo, porém, alguém sempre tem

a chance de se purificar.
A bolsa amniótica representa esse tecido branco de Ợbàtálá, chamado de “ala” e um filho que nasce com o ‘ala’ inteiro

tem uma relação com Ợbàtálá desde o Orùn onde é comprovado em alguns odus. 

Filhos que nascem dentro da bolsa de uma forma ou de outra, pode ser chamado de “Salako”, “Talabi”, “Òòsàtalabi”, ou

“Oke” (não confundir com o nome da divindade Òrìşà Oke) e etc.

Em Ile Ife os sacerdotes com classificação mais alta é o atual Obalale. Antes dele, o Obalesun tinha o cargo de líder

mais alto dentro do templo de Ợbàtálá em Ife.

Em outras áreas, especialmente Ọyọ, o sacerdote maior de Ợbàtálá é o Aaje e é quase sempre selecionado dentro de

uma linhagem especifica e consanguínea.

O Aaje Òòşà é parecido com o Mogba Şàngó, no sentido de que ele é o líder mais alto no sacerdócio de Şàngó, porém,

não é um adosu (pessoa que tenha tido sua cabeça raspada durante sua consagração) de Ợbàtálá.

Porém existe sua cerimônia de instalação e entronização para exercer sua posição dentro do culto de Óòşààlá.

Além de Aaje, também existem outros títulos como Ááwa, Ikolaba, Alata, etc.

Na cidade de Ifọn, durante as festividades, cerimônias e certas ocasiões é dado uma bebida aos seus devotos chamados

‘egun’ que contém um pouco de sangue dos animais que foram oferecidos a Òòşà Olufon, o aspecto de Obatalá dessa

cidade.

Ao beber a bebida ‘egun’ eles são levados pelo espírito de Ợbàtálá e muitos caem em transe. 

O egbo (feito com milho branco), iyan (purê de inhame), obe ate (um guisado que é feito com semente moída de bara

, um melão especifico da África), ekuru funfun (uma pamonha envolta e cozida no vapor, feito de feijão fradinho sem

casca, sem sal, sem pimenta ou algo picante e sem epo/dendê), eko (mingau feito com milho branco moído – amido d

e milho), eyin ororo (ovos brancos de galinha preta), oyin (mel de abelha).

Ợbàtálá não bebe álcool.

O certo é que dependendo da região nas terras yorùbá, a Ợbàtálá é oferecido oti sekete (tipo de cerveja feita com milho),

Otika e até oti òyìnbò (bebidas muito fortes como gin que são bebidas alcoólicas introduzidas pelos europeus e sepe,

uma bebida alcoólica forte feita em terras yorùbá).

Obàtálá rei das roupas brancas,orisá da cidade de Efon, o que coze os seres humanos em um forno de barro, usando

argila como matéria prima.

É o grande pai, representa a paz na terra, tranqüilidade, à placidez dos que sabem e realizam.

Cuida dos albinos, deficientes, os incapazes físicos e mentais, onde são considerados seus filhos queridos por ele.

Gosta de igbin, pois ele sendo vagaroso, mas deixado em paz, domina o mundo.

Sua cor é o branco, criador da humanidade, um ancião com toda a sabedoria  estampada em seus cabelos e barbas

brancas.   

Obatala e a caçada de elefantes

Obatala precisa fazer um grande ebó para resolver seus problemas de sua cidade.

Foi andando pela floresta, muito preocupado. Um babalawo que fez a adivinhação do Ifá para ele, recomendou que

arrumasse 201 elefantes.

Pensando no caminho não olhou para onde andava e quase pisou nun sapo,olhou e disse:

Não fique no meio da estrada, você pode se machucar.

O sapo disse que estava com problemas, que o brejo onde ele e sua família morava estava secando, porque não chovia

a muito tempo e eles teriam que se mudar.

Obatala disse que queria ajudar mais ele tinha que caçar 201 elefantes para fazer um ebó, e ecertamente não teria

tempo para correr atrás de chuva para seu brejo.

Sapo ficou aborrecido e depois teve uma idéia, sugeriu a Obatala que se ele arrumasse a chuva , ele e sua família

arrumariam os elefantes.

Obatala concordou, procurou Esu e pediu chuva e em poucas horas começou a chover muito.

Passados alguns dias Obatala viu o sapo e sua família feliz e cobrou a parte dele no acordo, onde o sapo disse q era

muitopequeno para caçar um animal tão grande e forte.

Obatala se virou e foi embora pois no fundo sabia que eles estavam certos,e terminou como comecara com a obrigação

de caçar os 201 elefantes para resolver seu problema e sem ter quem o ajudasse a fazer isso.

Obs: nesse itan explica bem que quando ajudamos alguém não devemos esperar nada em troca.

De tempos em tempos a quantidade de descendentes criados por Orisá OBATALÁ aumentava.

Novos espíritos ocupavam o lugar que correspondiam a esses corpos.

Habitavam um corpo masculino ou feminino, segundo a modalidade de

suas vibrações ou sua inclinação específica. 

Ao terminar sua missão na Terra, muitos deles, ávidos de repetir a experiência vivida, pediam aos benfeitores que lhe

permitissem o seu regresso a esses planos novamente. 

Como isso era parte do plano preconcebido por OLODUNMARE, não tiveram objeção alguma sobre seus desejos e

ocuparam novamente um corpo. 

O afã da busca natural nos homens, unido ao interesse de seus  espíritos por novas experiências, os fez partir com suas

mulheres, do pequeno foco territorial onde Orisá OBATALÁ ainda modelava os seres.

Orisá Esu foi o Orisá que os guiou por esses caminhos. 

Assim se espalharam os grupos até outras regiões do planeta, com habitats diferentes.

Deslocavam-se constantemente de um lado a outro, enquanto que no caminho, ficavam os anciãos que perdiam seu

vigor e os que sofriam variados acidentes, servindo de presas a IKÚ (morte).

Nesta peregrinação que durou milênios, os espíritos puderam reencarnar em corpos humanos em incontáveis ocasiões.

Muitos daqueles que OLODUNMARE criou no princípio, começaram encarnando desde o início, outros já milênios

depois, porém todos continuaram reencarnando desde esses primeiros tempos até a data presente. 

Ainda que nosso corpo tenha um número limitado de anos, somos espiritualmente tão antigos como a própria criação,

mas na atualidade não estamos preparados para conhecer tamanha história.

OBÀTÁLÁ

O ALCOOLISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Há tempos passados, Obàtálá soberano dos igbominas e fons, caiu em descrédito ante o seu povo e em desagravo

perante o criador Olódùmarè.

A desventura do soberano em questão foi motivada pelo fato do mesmo ter-se tornado um ébrio. 

A fama e o prestígio de Obàtálá eram invejáveis. Seu reino, um dos

maiores e mais pródigos, era constantemente visitado por outros

soberanos que lá iam aprender a administrar seus reinos, uma vez que no reino dele não havia miséria.

O povo era imensamente feliz. Obàtálá, uma vez a cada quatro dias,

concedia em seu palácio audiência ao seu povo.

Os primeiros a serem ouvidos eram os menos privilegiados.

Deles ouvia queixas, atendia pedidos, fornecia alimentos, sementes e tudo mais necessário para que pudessem sair

daquele quadro crítico.

Antes do pôr do sol, fazia julgamentos, caso fossem necessários,

decretava a sentença referente aos erros cometidos e, quando se despedi a do seu povo, era saudado: “Bàbá Térùn

” (Pai Bondoso). 


Infelizmente, o amor dedicado ao povo, a concordância à igualdade e o sentimento de fraternidade pregado por Obàtálá

não eram bem vistos por todos os habitantes do reino.

Temerosos com o que pudesse vir a acontecer mediante a uniformidade pregada pelo seu soberano, alguns dos

componentes do conselho de anciões, concomitante com vários dos súditos privilegiados financeiramente, elaboraram,

fora da cidade, um plano para colocá-lo em descrédito diante do povo, destituí-lo e exilá-lo para bem longe do reino. 

Os opressores do senhor dos igbominas e fons, sorrateiramente, passaram a colocar pequena quantidade de um pó

medicinal (ètù) no vinho de palma, que o soberano bebia no dia anterior ao seu pronunciamento junto ao povo.

A partir deste dia, Obàtálá passou a ficar confuso, pois seus súditos faziam questão de contestá-lo em voz alta na frente

de todos, dizendo:

“Perdão Majestade, mas não foi isto que disseste na semana passada.

Vossa majestade diz uma coisa hoje; amanhã diz outra.

Assim não é possível.

No final das contas, nós ficamos mal diante dos outros.

Contrariado e entristecido, Obàtálá dava por encerrada a audiência e se recolhia aos seus aposentos, enquanto seus

súditos ficavam maldizendo-o e difamando-o.

Logo que se recolhia, um dos seus conselheiros lhe oferecia pedaços do fruto do meloeiro junta mente com um cântaro

contendo quantidade abusiva de vinho de palma. 

Toda esta trama foi o suficiente para transformar o soberano dos igbominas e dos fons num alcoólatra compulsivo.

A partir desse incidente, por todos os lugares em que Obàtálá passava ou comparecia, era ridicularizado e chamado de

ébrio.

Os súditos e os poucos ministros, que antes lhe prestavam reverências, não mais o faziam.

Seus opressores, sempre às ocultas, continuavam tramando contra o bondoso soberano. 

Cansado de tanto humilhação e dependente cada vez mais do vício que o destruía, Obàtálá recorreu ao Oráculo

Sagrado de Ifá na tentativa de sanar a terrível desgraça que tinha se abatido sobre a sua vida, consequentemente sobre

os seus reinos.

Após a evocação, interpretou para o soberano a mensagem cifrada do oráculo sagrado: “A partir de hoje deverás abster-

te do vinho de palma.

Beberás somente das bebidas que antes forem degustadas por teus súditos em tua presença.

Deverás também fazer uma oferenda de duas pombas, dezesseis penas da cauda do papagaio da costa (ikódíde), um

aso-igúnwà (manto real) feito de linho cru, dezesseis bolas de limo da costa e um colar de contas feitas do marfim.

Não deverás também jamais sentar-te à mesa junto aos teus déspotas, evitando assim que eles te traiam novamente. 

Dando continuidade à leitura oracular, informou a Obàtálá que deveria subir ao topo de uma colina que ficava à entrada

da cidade de Ifón antes do nascer do sol.

Ao chegar ao topo da colina, deveria vestir o traje real (aso-igúnwà), colocar sobre sua cabeça a coroa (àáré), prendendo

no mesmo as dezesseis minúsculas bolas de limo da costa.

Deveria fixar em cada uma delas uma pena da cauda do papagaio da costa, colocar o colar em seu pescoço e por fim,

quando os raios solares apontassem no leste, soltar os dois pombos para diferentes caminhos:

um em direção à cidade de Ìgbó e o outro em direção à cidade de Ifón. 

No dia seguinte, Obàtálá tratou de realizar o ritual determinado.

Antes do alvorecer, vestiu o aso-igúnwà determinado, colocou o àáré (coroa) adornado com as penas do papagaio fixas

nas bolas feitas com o limo da costa e posiciona-se de costas para o Leste, conforme as determinações oraculares. 

Tão logo os primeiros raios de sol surgiram no leste, várias aves entoando seus cantos com veemência começaram a

voar em torno da colina.

O som estridente das cantorias das aves despertou os habitantes de Ifón que ao verem as aves dispersarem de Obàtálá,

ficaram atônitos diante do fenômeno da transformação que acontecia com ele.

A estupefação foi geral, no momento em que os raios solares surgiram com intensidade por trás de Obàtálá, dada-lhe foi

a impressão de estar  flutuando sobre a colina.

Nesse momento, as dezesseis penas (vermelhas) do papagaio da costa fixas no coroa (àáré) deram a impressão de ser

labaredas que saiam da cabeça de Obàtálá, formando um imenso e magnífico resplendor. 

Diante de tal visão, os súditos, totalmente aterrorizados e arrependidos, prostraram-se ao chão exclamando: “Elésè Esè

Epà Bàbá! Ãbò mi nlá”

(Oh, Pai! Pecadores aos teus pés! Meu grande amparo!). 
O episódio da transformação do grande venerando Obàtálá, soberano dos igbominas e fons, correu por terras da África.

Por todos os lugares falava- se do seu poder de metamorfose.

Este poderio devolveu-lhe todo o prestígio e respeito que havia perdido perante os seus súditos, bem como a

complacência de Olódùmarè.

Obatalá e Ajé Saluga

Obatalá era o rei de duas cidades, Iranje Ilê e Iranje Oko. Ambas eram grandes e prósperas devido à sabedoria de

Obatalá.

Obatalá viajava sempre de uma cidade pra outra, porém antes, sempre consultava Orunmilá-Ifá para saber se correria

tudo bem em sua jornada.

Orunmilá-Ifá advertiu Obatalá e seus seguidores para que não olhassem para trás no seu trajeto houvesse o que

houvesse, deveriam sempre seguir sua jornada.

Obatalá convocou três de seus discípulos para acompanhá-lo e seguiram seu destino.

Na longa caminhada encontraram uma jovem mulher que estava dormindo na beira de um riacho um profundo sono, o

que chamou suas atenções foi que seu corpo era todo de búzios, (moeda corrente da época).

Obatala logo a reconheceu era Aje Saluga Orisá da riqueza e prosperidade filha querida de Olokum e Odudua, mas ficou

calado e seguiram enfrente.

Porém seus discípulos ficaram encantados com tanta riqueza numa só pessoa.

Obatalá os advertiu: Ninguém poderia parar e olhar para trás até chegarem ao seu destino, pois já haviam se esquecido

do aviso de Ifá. 

Seguindo viagem os três perguntaram a Obatalá se poderiam buscar água no riacho que acabará de avistar, pois

estavam mortos de cede.

Obatalá disse que seguiria enfrente e que os esperariam na cidade de Iranje Oko.

Porém, na verdade os três queriam era ver Aje Saluga, e chegando perto dela seus olhos brilhavam de tanta ganância e

ambição e não pensaram duas vezes, com vários golpes cortaram vários pedaços de seu corpo, o suficiente pra

encherem seus bolsos.

Entretanto não o suficiente para dividir entre eles.

Os dois mais velhos pediram ao mais jovem para buscar água para eles beberem.

Enquanto isso tramavam como matar seu companheiro, para sobrar mais dinheiro entre eles.

Na busca pela água o mais jovem também pensava em como matar os dois para ficar com tudo e fez um preparo d

e ervas venenosas e colocou na água.

Quando ele chegou o dois deram um jeito e deram um golpe em sua cabeça matando-o.

Os dois alegres com o acontecido beberam a água e logo em seguida morreram.

Obatala já havia chegado à cidade e estava voltando para casa pelo mesmo caminho quando encontrou os três

discípulos mortos na estrada e com suas roupas manchadas de sangue e com os bolsos cheios de dinheiro.

Indignado bateu no chão com seu opaxorô, ressuscitando-os.

Perguntou para cada o que havia acontecido, eles envergonhados contaram o ocorrido.

Obatalá disse então: eu não tinha advertido vocês que não poderíamos olhar para trás e voltar, houvesse o que

houvesse!

E como se não bastasse suas ganâncias e ambições destruíram vocês.

Não sabem que dinheiro, para trazer prosperidade ao seu portador tem que ser conquistado e não roubado ou ganho de

forma ilícita, para que Orisá Ikú não os ronde.

Sem falar da vergonha que seus ancestrais estão sentindo de vocês.

Esqueceram também que não poderiam matar Aje Saluga, pois ela é um Orisá e Orisá não morre!

Envergonhados pediram perdão e se arrependeram, e voltaram com Obatalá para Iranje Ilê.

Obs.: Ifá diz: todo aquele que deseja o dinheiro do outro nunca será próspero, cada um tem que ter paciência, força de

vontade para aprender a conquistar seu próprio dinheiro. Asé……

ÒSÀLÀ BABA GBOGBO EYA

ÒRÌSÀ FUNFUN BI EGBON OWU
AJI MI OMI TORO

EWI OKAN RE BALE

NINU RIRIJE ATI AI RIJE

ENITI KI DURO SI IBI IJA BA WA

ÒRÌSÀ A PETU SI ORAN

A FI GBOGBO ORAN LE O LOWO

WA KO OGUN LO

WA KO AI RIJE LO

WA KO AI RI NA LO

WA KO IJA ATI ASO LO

WA KO AI RI ISIMI LO

KI AYE O TORO

KI ILE GBOGBO O RI OJU

KI IKU MA PA OMODE

KI IKU MA PA OMIDAN

KI IKU MA PA AGBA ATI EWE

KI IFE O WA NINU ILE

KI IFE O WA NI ILU

KI ILU O TORO BI OMI AJI PON

ÀSÉ BABA GBOGBO ÒRÌSÀ

ÒSÀLÀ, o pai de todos os seres

ÒRÌSÀ imaculado como algodão

Aquele que acorda para tomar água limpa
Aquele que é tranqüilo e sempre em paz

Na fome e na abundância

Aquele que não fica perto de onde há briga

ÒRÌSÀ que apazigua todos os conflitos

Nós entregamos todos os conflitos em suas mãos

Venha livrar-nos das guerras

Venha livrar-nos da fome

Venha livrar-nos da falta de poder de gasto

Venha livrar-nos de brigas e intrigas

Venha livrar-nos da falta de tranqüilidade

Que o mundo seja em paz

Que todas as casas tenham tranqüilidade

Que todos os caminhos sejam abertos

Que as crianças não morram

Que os jovens não morram

Que a morte não leve os adultos e velhos

Que haja amor nas famílias

Que haja amor no país

Que o país tenha a tranqüilidade das águas descansadas

ÀSÉ Pai de todos os ÒRÌSÀS´

Asé


Òrìsà-Nlá-Òsèèrèmagbò  e seu empreendimento.

 Ele queria ir ao mercado Ejigbomekún para comprar um escravo que o ajudasse em suas atividades diárias, ele

pretendia ter êxito nesta empreitada.

No entanto, ele foi à casa de seu amigo Òrúnmìlà para uma consulta com Ifá.

Ele foi informado que teria muito êxito em seus planos e tarefas comerciais. Pediram que comprasse o primeiro escravo

que ele visse, ele iria se tornar muito rico e muito influente.

Também lhe disseram que sua fama e popularidade não teriam limite. Ele foi advertido que a fase inicial deste

empreendimento seria muito difícil, porém, não perduraria por muito tempo.

Depois destas mensagens, Ọbatálá foi aconselhado a oferecer sacrifício com dois pombos brancos, duas galinhas e

dinheiro (para o cliente, ele/a também necessitam realizar ritual a Ọbatálá com ìgbìn, efún e dinheiro). Ele cumpriu e se

dirigiu ao mercado de Ejigbomekun.

Chegando ao mercado, o primeiro escravo que Ọbatálá viu era coxo. Ele se recordou das ordens de Ifá pela voz de

Òrúnmìlà, que ele deveria comprar o primeiro escravo que visse.

Ele comprou o escravo com muito pesar. Ele ficou se perguntando como o escravo poderia lhe trazer a riqueza

prometida.

No entanto ele levou o escravo para casa. Ọbatálá estava alimentando, limpando, banhando e levando o escravo para o

local onde ele deveria lhe servir.

A pobreza de Ọbatálá e as tarefas diárias aumentaram em vez de diminuir. No entanto ele aceitou seu destino sem

nenhum rancor.

Um dia o escravo perguntou a Ọbatálá se ele tinha uma fazenda de sua propriedade. Neste período Ọbatálá tinha

terminado o cultivo de milho em sua fazenda, que ficava muito longe.

Ele respondeu afirmativamente. Então o escravo lhe pediu que o levasse para viver na fazenda.  Quando Ọbatálá ouviu

o pedido do escravo, ele negou por duas razões principais:

Primeira, O escravo era coxo e não poderia encontrar um modo conveniente para sua própria sobrevivência na fazenda.

Segundo, Ọbatálá estava usando o escravo como um companheiro e confidente.

Na verdade, ele não perderia a companhia do escravo. O escravo pressionou Ọbatálá a permitir que ele fosse para a

fazenda e que ele seria capaz de se defender sem problemas.

Depois de muitos argumentos e conversas, Ọbatálá aceitou o pedido.

Sem que Ọbatálá soubesse, o escravo era um exímio caçador com armadilhas.

Imediatamente ele chegou à granja e colou as armadilhas para os papagaios. Ele pegou muitos, retirou as penas dos

rabos e os soltou novamente.

Logo ele tinha muitas penas em casa. Um dia Ọbatálá disse que haveria uma importante festa na casa de Olókun e que

ele fora convidado. O escravo perguntou quando seria a festa. Ele disse.

O escravo então pediu que Ọbatálá que o viesse vê-lo na fazenda, dois antes da cerimônia. Ọbatálá concordou em vir e

mesmo sem saber por que o escravo havia pedido isso.

Na data marcada ele foi presenteado com uma coroa feita com a cauda do papagaio. Ele ficou muito contente.

Ele expressou sua surpresa com a especialidade de seu escravo em capturar papagaios e fazer lindas coroas com

penas de papagaio.

Ọbatálá prometeu aproveitar a ocasião na casa de Olókun e usar a coroa.

Na cerimônia, todos os irunmọlẹ e dignitários importantes perguntaram a Ọbatálá onde ele havia conseguido uma coroa

tão linda.

Ele disse que fora seu escravo e todos fizeram pedidos para comprar uma.

Ọbatálá cobrou preços exorbitantes e todos eles foram de acordo com o preço cobrado.

Ọbatálá voltou para sua casa muito feliz. Ele contou a experiência ao escravo. O escravo ficou muito contente e por fim,

se tornou útil a Ọbatálá. O escravo fez todas as coroas encomendadas e ele e Ọbatálá ficaram ricos.

Ele recobrou sua liberdade, porém continuou na companhia de Ọbatálá. Eles viveram felizes e tranquilos.

Quando Ọbatálá se lembrou das mensagens de Ifá, ele estava cantando, dançando e sentindo-se agradecido a

Òrúnmìlà.

Ele prometeu oferecer uma vez mais o sacrifício, porém tudo que lhe disseram era que ele deveria mostrar gratidão ao

seu Áwo.

Ele disse:

Os sofrimentos de um Áwo não são para sempre.

A pobreza de um Áwo se tornará prosperidade.

Sem demora iremos nos recostar no salão do alivio

E rir deste assunto

Nós esticaremos nossas pernas quando nos sentarmos

Estas foram às declarações de Ifá para Òrìsà-Nla-Òsèèrèmagbò.

Quando ia comprar um aleijado como seu primeiro escravo

Ele foi aconselhado a fazer sacrifício

Ele cumpriu.

O escravo que eu comprei é um escravo bom.

O escravo que eu comprei está ganhando dinheiro.

O escravo que eu comprei é prospero

O escravo que eu comprei é um escravo bom.

Asé.

OBÁTÁLÁ E SUA ESPOSA CONFUNDIDA

Ele tem uma esposa, que é muito importante no culto dele.

Iyemòwó (Iye/mãe; mo/minha/ owó/búzios ou dinheiro) Mãe que nos cobre com o dinheiro.

É o nome da esposa de Obàtálá.

Ela é uma Ìyá àgbà (mãe anciã), uma das àjé funfun (feiticeiras brancas).

Iyemòwó infelizmente no Brasil foi colocada como uma qualidade de Iyemoja o que é uma loucura.

Na Nigéria, ela é uma divindade independente, possui seu grupo de devotos e sacerdotes que podem ser os mesmos de

Obàtálá.

Iyemòwó possui ewò semelhantes aos de Obàtálá e suas comidas também são semelhantes às de seu marido.

Varios itàns odùs falam de Iyemòwó, como por exemplo em Ìròsùn- méjì onde ela aparece como a primeira mulher a

menstruar! 

Em Òdí-méjì ela aparece como companheira de Obàtálá em uma longa viagem feita pelo mesmo!

Não há um relato de Iyemòwó sem a presença de seu marido, isso é fato qualquer sacerdote de uma familia tradicional

sabe disso!

Como orisá, Iyemòwó possui: Ijúbà (saudação), Oríkì (evocação), Àdúrà (rezas) e orin (cânticos).

Seus símbolos são basicamente os mesmos de Obàtálá. 

Iyemòwó tem uma forte relação com: Ajé Sàlúgà, Iyemoja, Òsun e Olókun.

Iyemòwó é representada pela ewé Òsíbàtà.

Nos festivais de Òsun em Abeokuta, a Ìyáwó Òsun vai até a casa sagrada de Iyemòwó para lhe fazer oferendas, pois de

acordo com os mitos, quando Òsun foi esposa de Obàtálá, ela fez muita amizade com Iyemòwó e que as duas trabalham

juntas para favorecer a procriação.

Iyemòwó é representada principalmente pelos búzios brancos, símbolo de prosperidade e multiplicação.

É aconselhado que se cultue muito Iyemòwó e Obàtálá juntos para que haja fertilidade na comunidade.

As mulheres idosas que não menstruam mais são as mais indicadas para ocuparem o sacerdócio do culto dessa

energia.

Iyemòwó aya Obàtálá Ibà re o!

Iyemòó gbéè wa o!

Asé!

Eepa Òrìsà! Òòsálá Òsèrèmàgbò! Òrìsà Eepaaaa!


ÌGBÌN: ESPOSA DE ÒRÌSÀNLÁ


Onikelejike

Ejìkelejike

Adífá fún Ìgbìn tii se obinrin Òrìsà

“O primeiro som kelejike

O segundo som kelejike

Foi realizada a adivinhação de Ifa para Igbin

Esposa de Orisanla”

Obatalá amava Igbin a não conseguia dormir sem ela. 

Ela era pura, e se importava muito com o marido. 

Ela fazia a cama dele e cuidava do templo.

Antes que Obatalá pudesse pronunciar uma palavra, ela entendia o que ele queria. 

E ele dava muito mais a Igbin do que quaisquer outras esposas. 

Ela tornou-se a sua favorita. 

Ela foi abençoada com dinheiro e casas. 

Ela ainda tinha seu próprio duplex privado, mas logo Igbin inconscientemente deixou tudo isso subir à cabeça. 

Ela desenvolveu ego e arrogância, ela se sentiu indispensável; como se seu marido não podesse funcionar sem ela.

Um dia, Obatalá mandou buscá-la. 

Eles não puderam localizá-la e quando ela finalmente chegou, ela discutiu com seu marido e disse que ela estava livre

para ir a qualquer lugar, por que Obatalá foi procurar por ela?

Obatalá perguntou: “Você sabe com quem está falando?

” Ela disse que sim! “

Obatalá disse: “Eu acho que você já disse o suficiente; toda essa riqueza foi para sua cabeça, você não sabe o seu

lugar.”

Igbin disse: “Se é a casa que você construiu para mim, me deixe ir!”

E ela começou a embalar todos os seus pertences. 

Ela mudou-se para fora e depois de sua partida, tudo foi muito tranqüilo.

O templo de Obatalá, que costumava ser uma colméia de atividades ficou tranqüila, mas Igbin não conseguia dormir e

começou a perder peso. 

As coisas não funcionaram do jeito que ela esperava. 

No momento em que Obatalá perdeu Igbin, que era organizadora das coisas no templo e não à tinha mais, a frequencia

da congregação começou a reduzir.

Òòsálá foi enviado para um de seus sacerdote de Ifá.

Awon abi kókó letí aso

Adífá fún Òòsálá Òsèrèmàgbò

Tiise oko Ìgbìn

“Aqueles-que-tem nó na ponta de roupas

A adivinhação de Ifa foi realizada para Òòsálá Òsèrèmàgbò

Que é o marido de Igbin”

Obatalá disse a seu sacerdote que ele perdeu Igbin, mas ele não queria implorar para ela voltar, porque ela ficaria mais

arrogante. 

Mas ele queria que Igbin usasse sua boca para suplicar por desculpas.

O Babalawo disse-lhe para apaziguar sua Oke IPORI com muitos caracóis. 

E Igbin em seu próprio lado foi isolada, ela não se casou novamente e estava infeliz.

Um dia, um de seus amigos visitou-a e ele disse, Igbin, quanto tempo você vai continuar a viver esse tipo de vida?

Ninguém sabe que você existe?

Igbin disse a ele: “A dificuldade é inacreditável.”

Igbin esperava o seu marido para lhe pedir desculpas e seu amigo disse: “De jeito nenhum, você espera um homem para

lhe pedir desculpas?”

Igbin disse ao amigo para ir e pedir à Obatalá se ele iria aceitá-la de volta, apenas para saber sua reação. 

Quando alguns amigos de Igbin veio perguntar para Obatalá: Obatalá, que tal se Igbin voltasse para casa?

Obatalá não tinha qualquer objecção e eles voltaram para informar Igbin que seu marido não tinha objeção para ela

retornar.

Um dia, Igbin, foi visitar Oosala. 

Ela cumprimentou-o. Obatalá não respondeu, ele não estava com raiva, mas ele queria Igbin sóbria e reconciliar com ele

sozinha. 

Igbin saiu, ela estava desapontada; seu amigo aconselhou-a ir sozinha.


Òrìsà gbebè
Omikele jike
Òrìsà gbebè
Omikele jike
Òrìsà ní maa sìn
“Orisa ouviu o apelo
Jike Omikele
Orisa ouviu o apelo
Jike Omikele


É Orisa quem vou adorar.”
Obatalá recebeu-a calorosamente e viveram como marido e mulher por um longo tempo. 

Desde então, Igbin dá graças a seus amigos e ao Babalawo, que tornou possível para ela se reconectar com seu marido

e é mais cautelosa com seu comportamento. 

A arrogância é sempre responsável pela queda.

Este itan é sobre o que continua até hoje entre marido e mulher. Algumas mulheres quando ficam ricas, deixam o

sucesso subir à sua cabeça e desrespeitam seus maridos. 

No Odù Ifá Ìdíngbé, também retrata Igbin em uma nova forma de caráter, em que ela cozinha o caracol com carne de

elefante para fazer Orisa lhe perdoar e esquecer seu comportamento adúltero com um membro júnior da congregação

que havia se envolvido com ela.

O som que o apito da chaleira produz hoje, era o som da primeira dança, que os Orisás dançavam entre si, ele diz:


Mo f Ogele ná
Mo f Ogele
“Eu já seduzi Ogele
Eu seduzi Ogele”
Òrìsà fijìn
fijìn Òrìsà
“perdoe Òrìsà
Òrìsà perdoe”


Este itan foi: Òrìsà gbebè, “Òrìsà escuta o apelo.”

É a mesma coisa; todos nós sabemos que aquela mulher havia ofendido o marido e se desculpou. 

É importante notar que o nome desta mulher é Igbin e Igbin, também era o nome do som do apito da chaleira que

Obatalá usou para dançar e não deve ser confundido com Igbin que é caracol.

É importante ter sabedoria e humildade para reconhecer que a arrogância não faz ninguém mais importante do que o

outro e que ela certamente irá impedir a evolução.

Que Obàtálá proteja e abençoe a todos.

error: IFA DIZ NO ODU ODUNDARETE: QUEM IMITA FRACASSA!