Òsùmàrè
Orisá de culto muito extenso e secreto pelos Babalawos, que quase desconhecido em terras brasileiras,pois possui
múltiplas funções que praticamente esquecidas.
Orisa da mobilidade, atividade,senhor de tudo que é alongado, o cordão umbilical esta sob seu domínio, símbolo da
continuidade, saúde e permanência.
Orisá masculino da felicidade, boas noticias , bons presságios.
Era um reconhecido Babalawo (Pai do Segredo).
Diante de sua sapiência, prestava serviços somente ao Rei da cidade de Ifé, que de certa maneira o explorava de forma
contumaz.
Para o Rei de Ifé, o fato de Òsùmàrè ser o seu Babalawo pessoal já era o grande pagamento pelos serviços que ele lhe
prestara, afinal ele era o Rei e, muitos queriam estar no lugar de Òsùmàrè, razão pela qual dava pequenas esmolas ao
sábio Babalawo, que em nada ajudavam em seu sustento.
Assim, mesmo sendo o Babalawo do Rei, Òsùmàrè estava passando por grandes dificuldades e já não conseguia
sustentar a sua família.
Dessa forma, resolveu consultar Ifá para outras pessoas e não somente para o Rei, assim ele conseguiria novamente
poder oferecer uma vida melhor à sua esposa e filhos.
Contudo, o Rei de Ifé não aprovou o que Òsùmàrè estava fazendo e, solicitou que fosse ao seu palácio.
O Rei disse a Òsùmàrè que ele poderia estar feliz consultando Ifá para as outras pessoas, mas ele o Rei, estava
insatisfeito e, por isso, não iria mais lhe “pagar” e não queria mais que ele fosse o seu Babalawo.
Òsùmàrè ficou desesperado, pois ele sabia que bastava uma ordem do Rei e ninguém iria procurar pelos seus serviços.
No mesmo dia a Divindade da Riqueza e Prosperidade Olokun Seniade, ordenou que todos os Babalawos da cidade
fossem até o seu reino, para saber o que deveria fazer para ter filhos.
Apesar da grande experiência dos Babalawos que lá estavam, nenhum conseguiu responder à Olokun Seniade aquilo que tanto lhe tirava o sono.
No entanto, alguém lhe disse que Òsùmàrè, o Babalawo pessoal do Rei de Ifé não estava presente, recomendando-lhe
que procurasse a ajuda dele por desencargo de consciência.
Assim Olokun Seniade o fez, ordenou à um mensageiro que fosse buscar Òsùmàrè no palácio do Rei de Ifé.
Chegando lá, o Rei afirmou que havia dispensado os serviços de Òsùmàrè, pois ele não lhe servia mais.
O mensageiro de Olokun Seniade percorreu às ruas de Ifé, perguntando por Òsùmàrè, até que finalmente ele o encontrou, o levando até o palácio de Olokun.
Chegando lá, Òsùmàrè consultou Ifá e disse para Olokun que teria filhos bonitos e fortes, mas que para isso, seria
necessário realizar uma determinada oferenda.
Como forma de gratidão e agradecimento, Olokun convidou Òsùmàrè para ser o Babalawo do seu palácio, que ele seria
reconhecido e valorizado pelo seu grande conhecimento.
Olokun presenteou Òsùmàrè com aquilo que tinha de mais precioso, as sementes do dinheiro (Owo Eyo – Búzios) e com
um pano colorido.
Olokun Seniade disse à Òsùmàrè que, sempre que ele usasse aquele pano, as suas cores refletiriam no céu, nascendo
dessa forma, o Arco-Íris.
Òsùmàrè nos mostra que apesar das dificuldades que parecem insolúveis, sempre existe a possibilidade de uma
reviravolta em nossas vidas.
Mostra ainda a razão de o Arco-Íris representar o nosso Pai Òsùmàrè, bem como, a razão da utilização dos búzios por
ele e seus filhos, um grande presente de Olokun.
Asé.
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